sábado, 5 de setembro de 2015

Deadly Blessing (Wes Craven, 1981)


Deadly Blessing é o terceiro filme de Wes Craven para os cinemas. Lançado em 1981 o filme se passa numa comunidade protestante agrícola fictícia chamada hititas. É uma comunidade muito parecida com os Amishs, apesar do filme deixar bem claro que não são Amishs.
Eles não tem aparelhos elétricos e possuem regras rígidas de convivío social. São crédulos, superticiosos e estão imersos numa moral puritana radical.
Depois da morte de um ex-membro da seita sua viúva acaba sendo perseguida e aterrorizada por membros remanescentes dela.
Diversas coisas acontecem ao longo do filme e há elementos que hora apontam para o real e hora apontam para o sobrenatural.
O interessante desse filme é que ele quase me pareceu uma prévia de Nightmare on Elm Street de 1984. Não apenas pela forma de filmar, alguns ângulos de câmera muito parecidos (outros idênticos), mas a interessante menção a uma entidade assombrosa que aparece em sonhos.

Sobre os ângulos de câmera alguns foram evidentemente reutilizados no masterpiece de Craven:

Craven safadão

É o primeiro filme do Craven que não soa como exploitation. Ele tem uma produção fantástica, uma locação belíssima e um bom elenco (incluindo ai Sharon Stone). Apesar de ser menos perturbador que os filmes anteriores (The Last House on the Left de 1972 e The Hills Have Eyes de 1977) e ter uma história e um roteiro meio confuso, esse filme soa mais profissional que os anteriores.
É um filme com ótima direção, cheio de planos de câmeras inventivos e uma atmosfera interessante, ficando entre o slasher e o thriller. Certamente um dos melhores trabalhos de Wes Craven, nota 8.

Poster alternativo do filme, com o ator Michael Berryman, que atuou em outro filme do Craven, The Hills Have Eyes:



Sharon Stone no filme:





sexta-feira, 4 de setembro de 2015

The Hills Have Eyes (1977)


The Hills Have Eyes, aqui no Brasil com o ridículo nome "Quadrilha de Sádicos", é o segundo filme do diretor Wes Craven, lançado em 1977.
O filme conta a história de uma família americana de classe média que resolve fazer uma viagem de férias mas acaba se perdendo em um local desconhecido no deserto de Nevada, próximo a uma área de testes nucleares e longe de qualquer contato com a civilização.
Essa família então é caçada como animais por sádicos canibais deformados que vivem nos aclives rochosos circundantes.
Temos aqui uma premissa bem interessante para um filme de terror perturbador.
Através de cenas impiedosas de violência em um cenário inóspito, vemos uma família normal e aparentemente feliz colocada em contato direto com a brutalidade selvagem que não estão acostumadas. Através de um jogo de gato e rato, seus membros vem morrendo um a um e os sobreviventes, cada vez mais, se vendo obrigados a apelar ao mais primitivo instinto de auto-preservação contra ataques dos nativos semi-bestiais.
A história é inspirada numa lenda escocesa do Clã de Sawney Bean. Conta-se que entre 1560 e 1610 Sawney Bean e sua família de canibais mataram e comeram diversos viajantes ao longo de um período de 45 anos na região de Galloway. Sua família era o produto incestuoso de oito filhos, seis filhas, dezoito netos e quatorze netas alimentados com carne humana, especialmente de soldados desafortunados que caiam nas garras do clã.
A psicopatia das aberrações nesse filme se assemelha bastante com a dos vilões do primeiro filme do diretor, The Last House on the Left (1972).
São pessoas totalmente desprovidas de moral e que se deleitam prazerosamente na crueldade e no sofrimento de suas vítimas.
No entanto o que mais perturba no filme é o cenário que, por si só, estimula fobias diversas. As colinas rochosas que circundam o trailer, como o título diz, parecem "ter olhos". Craven trabalha ao mesmo tempo a claustrofobia, com as montanhas cercando opressivamente aquelas pessoas, e a oftalmofobia, o medo de estar sendo vigiado; isso tudo reforçado em cada arbusto, que parece haver sempre uma entidade escondida pronta para atacar. Soma-se isso tudo ao paradoxal isolamento espaçoso do deserto de Nevada, reforçando simultaneamente a monofobia, medo do isolamento, e a agorafobia, medo de lugares abertos.
Existem mais coisas que remetem ao primeiro filme mas contá-las aqui seria revelar muito do filme.
Nota 8.

domingo, 30 de agosto de 2015

Homenagem ao Wes Craven


É PIEGAS MAS VOU FAZER UMA HOMENAGEM.

Wes Craven​ morre depois de uma luta contra um câncer (MALDITA DOENÇA) no cérebro.

Não tenho dúvidas que ele foi o melhor diretor de Slasher de todos os tempos. Melhor que Sean S. Cunningham, melhor que John Carpenter...

Ele é um diretor que se reinventou FODAMENTE diversas vezes em sua carreira enquanto os outros se prendiam a um estilo ou a uma só franquia.

Ele não é apenas dono de uma grande franquia de horror.
Apesar de ter outros filmes bons ele é responsável por duas das maiores franquias do cinema de horror de todos os tempos. Nightmare on Elm Street (a segunda maior franquia de slasher dos anos 80, ficando atrás apenas de Friday the 13th) e Scream (que reina absoluto como slasher dos anos 90).

Ele reinventou o slasher em Nightmare on Elm Street e fez um dos filmes mais inventivos do gênero, colocando o surrealismo em evidência macabra.

Sem Nightmare on Elm Street nada de Hellraiser e similares.

Depois ficou um tempo sem dirigir nenhum filme da franquia. O efeito de Nightmare on Elm Street sem Wes Craven é curioso. Apesar de algumas boas sequências estava mais que evidente que Freddy Krueger tinha se transformado mais em um Rock Star do que um vilão de filme de horror.

Foi mais uma vez em 1994 que ele resolve fazer mais um filme de Nightmare on Elm Street E MOSTRAR QUEM MANDA NESSA PORRA.
Wes Craven New Nightmare é DE LONGE a melhor sequência da franquia. Wes Craven brinca com a autorreferência e consegue colocar novamente o personagem no campo do sombrio.
Não é atoa que é aclamado pela crítica até hoje.

Em 1996 ele consegue se reinventar novamente em Scream. Definitivamente um dos melhores slashers de todos os tempos.
Wes Craven foi o único que conseguiu dar um gás no gênero slasher em pleno anos 90, época que o slasher já estava fora de moda ha uns 10 anos.

Não sei o que ele planejava fazer se saísse desse delicado estado de saúde em que se encontrava. Não sei se em 2016 ele inventaria uma nova franquia de sucesso e ressuscitaria novamente o slasher, como, definitivamente, SÓ ELE sabia fazer.

Vamos torcer para que outros "Wes Cravens "venham e se multiplique como franquias.

Descanse em paz Wes Craven original!

domingo, 23 de agosto de 2015

The House of Sorority Row (Mark Rosman, 1983)


The House of Sorority Row é um slasher de 1983 dirigido por Mark Rosman e que se tornou um clássico cult para os fãs do gênero.

Mark Rosman trabalhou com Brian de Palma em Home Movies em 1980 como assistente de direção (voluntário) e sua carreira se inicia com esse filme levando consigo certa influência.
O filme conta a história de 7 belas jovens que estão terminando a faculdade e que pretendem dar uma festa na casa onde estão hospedadas.
A propriedade é de uma senhora rabujenta chamada Dorothy Slater, que não quer que festas sejam realizadas no local.

Esgotadas com a velha (que já estava enchendo o saco faz tempo) elas resolvem pregar uma peça na Srª. Slater para que ela mude de ideia. A brincadeira, no entanto, acaba passando dos limites e Srª. Slater acaba sendo acidentalmente morta.

Com medo de serem pegas pela polícia elas resolvem esconder o corpo dentro de uma piscina imunda e, a partir daí, coisas muito misteriosas começam a acontecer no lugar.
Primeiro o corpo de Srª Slater desaparece e, em seguida, misteriosos assassinatos acontecem no local.

Seguindo a mesma fórmula de Friday the 13th temos a ideia de um lugar como abatedouro onde as vítimas (seguindo mais ou menos os mesmas características do filme de Sean S. Cunningham) são mortas, uma a uma, por um assassino misterioso que será revelado no final.

The House of Sorority Row tem uma história e um roteiro interessante, algumas cenas bem pesadas (como uma cabeça dentro de uma privada) e uma certa sofisticação estilística do diretor. Temos uma cena de alucinação bem interessante e, no momento em que Katey (Katherine McNeil), a protagonista, é dopada, o filme se transforma numa mistura sofisticada (para um Slasher) de realidade com ilusões mentais, transformando os minutos finais do filme em algo um pouco mais desafiador.

Além do já citado Friday the 13th, influenciando no conceito geral, podemos perceber certa influência Halloween e até mesmo filmes slaher-artísticos de Dario Argento.

Nota 8.



Sleepway Camp, Robert Hitzik (1983)


Sleepway Camp (conhecido aqui no Brasil como "Acampamento Sinistro") é um slasher/exploitation de 1983 escrito e dirigido por Robert Hitzik.
O filme conta a história de dois jovens, Angela (Felissa Rose - que está linda hoje, procurem fotos) e Rick (Jonathan Tiersten), que são enviados para um acampamento de verão chamado Camp Arawak por Martha Thomas (Desiree Gould), sua tia excêntrica e, desde o momento que eles chegam no lugar, acontecem diversos e misteriosos assassinatos.
O filme aborda questões mais interessantes e perturbadoras que os próprios assassinatos em si. Os dilemas da pré-puberdade, a pedofilia, os bullys, os traumas de formação decorrentes da trágica biografia da personagem Angela: a morte de seu pai, que era homossexual, e de seu irmão, em uma tragédia de lancha há 8 anos, próximo do Camp Arawak.
O filme ainda possui um dos mais chocantes "twist ending" de todos os tempos, colocando mais lenha na fogueira das polêmicas abordadas, o qual eu vou preservar vocês dessa informação. Só digo que é um filme que jamais poderia ser feito hoje sem levantar alguns protestos e furiosas acusações de ser um filme "alguma-coisa-fóbico". Só estou avisando, estejam preparados.

Em muitos aspectos esse filme é bastante semelhante ao Friday the 13 (Sean S. Cunningham 1980), quase uma cópia. Podemos notar elementos idênticos: o acampamento, os assassinatos em série e a figura misteriosa do assassino revelada apenas no final do filme.

A tensão criada na construção da personagem Angela é muito bem feita. Os personagens secundários no filme, apesar da péssima atuação dos atores, são ótimos e representam bem os arquétipos da juventude: o briguento, o nerd, a patricinha meio vadia que amadureceu rápido demais (feministas, guardem as tetas, é o filme não eu).

Os personagens do acampamento, especialmente os monitores, alguns execráveis, são todos dignos de suspeitas de cometer os assassinatos (com algumas exceções), transformando um slasher em uma intrigante história "detetivesca" estilo Agatha Christie (a rainha dos slashers antes mesmo dessa palavra existir), onde você se pega coletando pistas e fazendo deduções.

Lá pela metade do filme já dá para deduzir quem é o assassino com quase 90% de certeza e, quando você acha que o filme não pode mais te surpreender, eis que ele, nos minutos finais, te apresenta uma informação fulminante e uma das imagens mais chocantes (e ousadas) de todos os tempos no cinema do gênero, que faz você redefinir toda a história até chegar ao ponto culminante da revelação. Fantástico.

O famoso site de entretenimento e "generalidades" about.com listou Sleepway Camp de 1983 no quinto lugar dos mais surpreendentes "plot twist" do cinema de horror/suspense de todos os tempos, ficando atrás de Psycho (Alfred Hitchock 1960), Saw (James Wan 2004), Night of the Living Dead (George Romero 1968) e The Sixth Sense (M. Night Shyamalan 1999).

Nota 9.

sábado, 1 de agosto de 2015

Dois Brasileiros Fizeram uma HQ Sobre Aokigahara, a Floresta do Suicídio do Japão


André Turtelli Poles e Renato Quirino lançaram no mês de junho a HQ Aokigahara. A HQ retrata um dos lugares mais tristes (e assustadores) do mundo: a floresta do suicídio, localizada na base noroeste do monte Fuji.

Inspirados pelo pequeno documentário feito pela VICE sobre o local, André viu que o tema seria parte do seu próximo trabalho, que conta com as ilustrações de Renato. A HQ deu uma boa melhorada (ganhando uma qualidade melhor no acabamento) quando foi para o Catarse, cujo valor arrecadado superou 300% do que era esperado, permitindo que a história ganhasse vida e mais páginas. "O quadrinho foi mais como uma atividade que estava sendo feita em paralelo às outras coisas, empregos, freelas, etc. Por conta disso, acabamos conseguindo lançar apenas neste ano. Mas jamais esperávamos que conseguiríamos arrecadar esse valor todo", conta André.

A história é centrada em dois personagens anônimos e solitários à sua maneira na grande metrópole japonesa. Mostrando figuras presas em um labirinto de tristeza, a HQ acompanha seus dilemas, que levam ambos – separadamente – a irem até Aokigahara para tirar suas vidas. Nenhuma informação adicional é colocada para os leitores, tática proposital que os artistas encontraram para despertar interesse sobre a floresta.



Matéria completa na Vice
A venda da HQ está disponível aqui.