This Magazine is Haunted é uma revista de horror e ficção sobrenatural originalmente publicada pela Fawcett Comics entre 1951 e 1953 e, depois, pela Charlton Comics entre os anos de 1954 e 1958.
A primeira revista, lançada em outubro de 1951, foi uma aventura da Fawcett em fazer um produto mais distante do seu público familiar, que variava entre histórias de super-heróis (como o Capitão Marvel, Íbis o invencível entre outros), romances (como Sweethearts), westerns (como Lash LaRue e Six Gun Heroes) e revistas de humor adolescente (como Otis and Babs).
Ela foi criada por ninguém menos que Sheldon Moldoff, mais conhecido pelos trabalhos para a DC Comics nos personagem Gavião Negro e por ser um dos "artistas-fantamas" das histórias do Batman, e editada pelos talentosos Will Leiberson e Al Jetter.
Como a maioria das histórias em quadrinhos do início dos anos 50, o conteúdo do "assombrado" se inspirou de uma ampla variedade de fontes culturais populares, principalmente o cinema mainstream, a literatura pulp, o folclore norte-americano e o imaginário religioso.
O terror psicológico era abordado e um fundo moral era enfatizado.
A loucura humana desempenhou um papel fundamental em muitas histórias; personagens eram constantemente levados a catástrofes por sua própria ganância, estupidez ou a corrupção pura e simples.
Numerosas histórias tinham um roteiro que giravam em torno de criminosos violentos que eram punidos por um destino macabro enquanto outras davam destaques a figuras infelizes, presas em circunstâncias estranhas e assustadoras.
Além das influências cinematográficas evidentes This Magazine is Haunted seguia várias tradições literárias derivadas da literatura Pulp das décadas anteriores. É notável, por exemplo, o imaginário capitado das revistas de romance policial e das histórias de detetives.
This Magazine is Haunted combinava histórias violentas, que enfatizavam o assassinato e crimes hediondos, tudo submerso num clima de mistério, paranormalidade e paranoia.
Impossível também não notar o papel de obras clássicas do horror e do mistério como Assassinato na Rua Morgue de Edgar Allan Poe na formação desse imaginário fantástico da revista.
As histórias das revistas eram narradas por uma misteriosa e cadavérica figura chamada Doctor Death. Sua figura é bizarra, trata-se de um cadáver em decomposição vestido como um agente funerário vitoriano.
Ele não apenas narrava as histórias mas fornecia detalhes, explicações da trama, direcionava o sentido dos contos e até mesmo interagia nelas.
The Beyond
The Beyond (em inglês "o Além") foi um empreendimento da Fawcett que serviu como elemento unificador dos enredos das histórias (que até então eram mais dispersas e independentes). A ideia se tornou recorrente em todos os títulos se tornando um papel essencial nas narrativas das revistas, colocando a ideia de continuidade, de "séries" e a criação de um "universo" próprio.
Resumidamente "The Beyound" era um plano misterioso da existência que, de vez em quando, invadia o mundo físico. Um limbo sombrio identificado como a "vida após a morte", que serviu como fonte de muitas ameaças sobrenaturais que ameaçavam o "reino dos vivos".
Em vários casos era um purgatório habitado por cadáveres apodrecendo, em outros um lugar de tormento semelhante ao inferno (embora nunca fosse especificamente definido como tal).
"The Beyond" parecia ser a morada de todos os piores temores da humanidade; vampiros, fantasmas e demônios existiam ao lado de dragões, bruxas e harpias.
O acesso ao universo fantástico e terrível do "The Beyond" eram trens fantasmagóricos que faziam turnos a meia-noite dirigida por uma figura mortícia, mais ou menos como Caronte, o barqueiro do Hades na mitologia grega que carrega as almas dos recém-mortos sobre as águas do rio Estige e Aqueronte.
As dimensões espectrais se tornaram populares dentro da história de quadrinhos, tudo baseado na noção judaico-cristã de vida após a morte. O tema não era novidade e já tinha sido explorado por outras revistas como Weird Tales.
A inovação da Fawcett estava em seu uso do conceito para conectar muitos dos enredos descontínuos como uma única premissa, subjacente, que funcionou perfeitamente, proporcionando um reservatório infinito de potenciais histórias e uma explicação sobre a forma como tantas forças sobrenaturais poderiam existir, ao mesmo tempo, no mundo "real".
Os problemas da Fawcett, a venda para a Charlton Comics e o horror do Politicamente Correto
1953 foi um ano conturbado para todas as empresas de quadrinhos, especialmente a Fawcett.
A empresa estava sendo processada pela National Comics em 1941, por conta de alegadas semelhanças entre o Capitão Marvel e o Superman. Após uma década de batalha judicial (onde a Fawcett venceria ações obrigando a National recorrer) a Fawcett veria suas vendas serem derrubadas. Em 1953, a empresa seria encerrada e a maioria de seus personagens e revistas foram vendidos à Charlton Comics, incluindo a This Magazine is Haunted.
Por um tempo, pelo menos, Charlton tentou manter a atmosfera original das revistas, mantendo, inclusive, o famoso Doctor Death como presença nas histórias.
Em 1954 foi criada uma das piores coisas que poderiam ser criadas no mundo dos quadrinhos, a CMAA (Comics Magazine Association of America, ou Associação Americana de Revistas em Quadrinhos), uma organização a qual foi atribuída a autoridade pela observância da aplicação do "Código dos Quadrinhos" (Comic Code Authority), criada na década de 1950, pelas editoras, como uma forma de autocensura em resposta a uma recomendação do Congresso e ao clamor moralista insuflado pelo psiquiatra Fredric Wertham.
Essa autorregulamentação modificou o conteúdo das revistas, a escolha de cores, temas e palavras. Todas que ostentavam o selo na capa estavam nesse padrão.
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| Uma comparação: Capa de uma revistas em quadrinhos antes da CMAA (a esquerda) e uma depois da CMAA (a direita) |
Após o estabelecimento do Comics Code, em 1954, o conteúdo da This Magazine is Haunted foi atenuada consideravelmente, lidando com magia, mistério e suspense, e não com horror total.
Um exemplo da mudança foi que o famoso Doctor Death se transformou em Doctor Haunt, uma versão mais politicamente correta do sinistro.
Os problemas que decorreram disso assolaram a indústria de quadrinho na época a revista conseguiu aguentar as pontas até 1958, com o seu último exemplar.
Capas das edições 1 a 21
http://en.wikipedia.org/wiki/This_Magazine_Is_Haunted
http://www.comicvine.com/this-magazine-is-haunted/4050-11444/
http://digitalcomicmuseum.com/index.php?cid=582
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